quinta-feira, 6 de março de 2014

Sendo mãe em tempos de marketing agressivo

Viver na era do marketing sem limites é uma aventura e tanto. Se o vivente em questão é  pai ou mãe, todo cuidado é pouco. Sim, porque se para adultos sem responsabilidades com outros viventes escolher o que consumir é complicado, para os pais a missão parece ser quase impossível. Eu explico. É que as empresas depois de usarem todos os artifícios para convencer de que seu produto é a melhor escolha, agora partiram para a ignorância.  Sim, eu exemplifico.


Já viram o novo comercial da Friboi trazendo ninguém menos que Roberto Carlos, um vegetariano convicto, dizendo que só come a carne da 'grife'? Olhamos o Rei sorrindo para o bife e somos levados a pensar: 'Puxa, deve ser boa mesmo.' A conversa que rola por aí, contudo, é que ele nem tocou na carne.




Aliás, o Tony Ramos já vem falando há meses na tevê sobre como esta carne é boa.' Depois que Tony estreou os comerciais Friboi pelo cachê de 3 milhões de reais as vendas cresceram 20% e os supermercados começaram a colocar uma plaquinhas nos açougues com a marca da carne. Propaganda é a alma do negócio. Um frigorífico do qual você nunca tinha ouvido falar, de uma hora para outra vira o fornecedor de confiança da melhor das carnes graças a um famoso.

Mas, como o marketing está cada vez mais sutil, pode acontecer de o famoso, de tão famoso, nem mesmo precisar dizer o nome do produto para que a propaganda seja muitíssimo bem sucedida. Na entrega do Oscar 2014, bastou que a apresentadora Ellen Degeneres sacasse um Samsung Galaxy Note 3 ( Branco, para aparecer bem na tela) , brincasse com a audiência, pedisse uma pizza ao vivo e tirasse uma foto com a nata de Hollywood para que as menções à empresa bombassem nas redes sociais e não se falasse em outra coisa. A festa do Oscar saiu barato para a Samsung. Afinal, pela bagatela de 20 milhões de dólares cada um dos 43 milhões de telespectadores no planeta deve ter olhado e, nem que seja por meio minuto, pensado: "Ué, eles não usam Iphone?" E mesmo que saibamos que é tudo marketing, algo foi tatuado no nosso subconsciente. 'Droga, meu Samsung é preto!'



Eles nos convencem de tudo com argumentos ilegítimos e até sem argumento nenhum. E quando querem atingir especificamente as mães são ainda mais certeiros como neste anúncio dos sucos Del Valle.



A empresa diz com voz suave que colhe laranjas a mão, por que máquinas "não são tão carinhosas". Depois de ouvir isso a mãe que espreme cada uma das suas laranjas sabe-se lá como colhidas em um espremedor elétrico todas as manhãs está prestes a desistir e correr para o supermercado quando pensa: " Como será que eles processam o suco do carinho? Com as mãos? " Ou melhor, como será que eles processam o néctar, a bebida que é apenas de 20 a 30% fruta ? É difícil entender mas eles nos convencem de que o produto é bom e que nós não conseguimos fazer melhor que a indústria. 

Ouso discordar. Uma das grandes preocupação das mães é o acondicionamento do lanche escolar. Se enviamos lanche de casa, como manter o suco gelado? É muito mais prático enviar o suco de caixinha que contém conservantes e o medo que o suco estrague durante o tempo de espera até o consumo é um dos argumentos dos defensores da caixinha. E se eu dissesse que existe luz no fim do túnel e você não precisa enviar um preparado cujo maior ingrediente é açúcar e só contem 20 a 30% do suco propriamente dito? Aí vai a ideia , que não é minha, aprendi com Thais Ventura  do Delícias do Dudu no post Como preparar sucos para enviar na merendeira. A ideia de congelar o suco em cubinhos e colocar na garrafa térmica é realmente brilhante e pode ser feita com qualquer suco. 

Assim sendo, continuo acreditando, entre outras coisas, que um vegetariano não pode me dizer que carne devo comer, que existem outros aspectos a considerar na hora de escolher um celular que não os astros de Hollywood e que eu ainda posso mandar suco natural no lanche do meu filho.  





















2 comentários:

  1. Oi, Vanessa!
    Excelentes observações, muito bem colocadas a respeito desta avalanche de marketing para quem não pensa, quem compra pela beleza ou pela influência desta ou daquela 'celebridade', aliás um nome que não tem nada a ver, pois para mim celebridades são pessoas que fizeram algo de valor à humanidade, mas ...
    E só pra acrescentar ao seu post, na verdade o que vemos nas prateleiras dos supermercados hoje em dia, não são sucos e sim néctars, cheios de açúcar e aditivos químicos. Hirrrc, também tô fora!
    um abraço carioca

    (Acho que passei por ti noutro dia lá no Shopping Rio Sul, penso que era você e seu filhote)


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  2. Ai, também me revolto com essas propagandas de suco feito com carinho. Tem um comercial da Kapo, com a Astrid colocando maior credibilidade no produto (mas deixa bem claro que o filho dela tem seu próprio pé de jabuticaba). Comédia!
    http://bebesemfirulas.blogspot.com.br/2014/01/natural-e-o-c0.html

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