Pobres de nós. Esses tempos importantes em que vivemos são doloridos. Nunca as mulheres puderam ser protagonistas de suas próprias histórias como hoje, nunca puderam escolher ser mães, ou não, e quando fazê-lo como hoje. As mulheres nunca puderam tanto quanto hoje. E a que preço. Ao mesmo tempo em que saímos do papel consolidado mulher e mãe e abraçamos inúmeros outros papéis com uma gana que só quem passou décadas dentro de casa poderia ter, veio o sistema , aquele que conveniente nos ajudou a sair do anonimato por necessitar braços para produção e carteiras para o consumo, nos colocar num pedestal. E o fundo do pedestal é um alçapão.
Vivemos a era da ditadura da função polivalente da mulher. Podemos tudo , ao mesmo tempo e de salto. Sim, podemos. Temos saída? Depois de tanta luta ninguém pensaria em retroceder. Seguimos polivalentes e nem reclamamos tanto disso. Parece ser a nossa natureza ou pelo menos esta é a ideia vigente nesses tempos doloridos. Mas será que além de tudo o que temos que desempenhar ainda precisamos mesmo da propaganda nos dizemos que somos mais ainda do que perfeitas? Uma propaganda que diz que temos poderes extraordinários?
Não estou aqui a colocar dúvidas na ligação que mães e filhos possuem. É sim um elo maravilhoso construído muitas vezes ainda na gestação. Outras vezes ele nasce no parto e existem vezes que ele só aparecerá na amamentação, no dia a dia. Mães adotantes não gestam, não parem, não amamentam e também constroem o elo. Pais idem. Nestes tempos onde o amor de mãe se paga com compras é aceitável que a propaganda lute por um lugar ao sol para sua marca usando de todos os artifícios possíveis. Vale até construir mais este mito. A mãe vidente. Não basta fazer tudo bem e de salto , precisamos adivinhar tudo. É o que diz a propaganda do Boticário produzida para o dia das mães de 2013.
E para não dizerem que eu só passo a vida reclamando da publicidade, deixo aqui um filme, também de 2013, que cumpre sua função de valorizar a marca e fala de uma mãe real.
*imagem portaldemisterios.com
**Sobre o tema recomendo, de Elisabeth Badinter, O conflito - A mulher e A mãe ed. Record
*** Agradecimentos a Paula Zandonadi Zanirato Tristão pelo mote.
Queridona, eu que agradeço pelo texto que expressa melhor do que poderia todo esse pensamento. O Boticário mandou super bem no natal, mas infelizmente caiu no cliche de novela da globo no dia das mães...
ResponderExcluirAinda não tinha assistido a essa propaganda da Renner e me emocionei... :-) E ganha pontos extras pelo parto rsrsrsrs
Que a gente possa mudar essa metalidade de presentes comprados no dia das mães, que venha + amor nesse dia, família/amigos juntos, pois isso vale + que qq coisa...